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Construindo o Chão no Corpo: A Importância dos Bandhas nas Práticas de Yoga

Há uma terra sagrada dentro de cada um de nós, um solo fértil onde raízes energéticas se entrelaçam e sustentam a nossa existência. Construir um chão no próprio corpo é um ato de profunda criação, e os bandhas são as ferramentas que nos permitem tecer esse tapete invisível de força e presença.  Esses “fechos” ou “travas” energéticas atuam como âncoras, ajudando a estabelecer um chão firme no próprio corpo.


O que são os Bandhas?

Bandhas são técnicas de contração muscular que bloqueiam e redirecionam o fluxo de prana (energia vital) em determinadas áreas do corpo. Três principais bandhas:



Mula Bandha: O Fecho da Raiz

Mula Bandha é o primeiro toque do criador, onde o corpo se enraíza na terra. Como as raízes de uma árvore que se aprofundam no solo em busca de nutrientes, ativar este bandha é despertar a fundação do ser. É sentir a terra sob os pés mesmo quando estamos suspensos no ar, uma ancoragem que nos lembra de onde viemos e para onde sempre podemos voltar. Mula Bandha é a segurança que nos permite crescer com coragem.

Como fazer - Ele envolve a contração dos músculos do assoalho pélvico, ajudando a elevar a energia da base da coluna e a estabilizar o corpo e a mente.


Como Praticar Mula Bandha

  1. Encontre uma Posição Confortável:

    • Sente-se em uma postura meditativa, como Sukhasana (Postura Fácil) ou Padmasana (Postura de Lótus), com a coluna ereta. Você também pode praticar Mula Bandha deitado de costas em Savasana (Postura do Cadáver).

    • Certifique-se de que seus ombros estão relaxados e que sua respiração é suave e natural.

  2. Concentre-se no Assoalho Pélvico:

    • Feche os olhos e direcione sua atenção para a base da coluna, na região do períneo. O períneo está localizado entre o ânus e os órgãos genitais.

  3. Contraia os Músculos do Assoalho Pélvico:

    • Lentamente, contraia os músculos do assoalho pélvico. Para identificar os músculos certos, imagine que você está interrompendo o fluxo de urina. Essa é a contração que você deseja manter.

    • A contração deve ser firme, mas não forçada. Evite tensionar outras partes do corpo, como o abdômen, as pernas ou os glúteos. A intenção é isolar o movimento no assoalho pélvico.

  4. Mantenha a Contração:

    • Segure a contração por alguns segundos, mantendo uma respiração suave e constante. No início, tente segurar por 5 a 10 segundos. Com a prática, você poderá aumentar esse tempo.

    • Ao exalar, libere a contração lentamente e sinta a energia se espalhando pela coluna.

  5. Repetição:

    • Repita a prática várias vezes, conforme for confortável. Com o tempo, Mula Bandha pode ser incorporado em várias posturas de yoga e durante a meditação.

  6. Integre com a Respiração: Inicialmente, pratique Mula Bandha durante a exalação, o que pode facilitar a ativação. Com a prática, você poderá manter Mula Bandha durante toda a respiração.


Uddiyana Bandha: A Elevação da Energia

No centro do corpo, Uddiyana Bandha nos convida a elevar a energia, como um rio que corre de volta à fonte. Este bandha puxa o prana do ventre profundo e o dirige ao coração e além, criando uma corrente de vida que nos sustenta em cada respiração. Ao ativar Uddiyana Bandha, o corpo se torna leve como uma pluma, mas forte como a rocha, permitindo que navegemos pelas ondas da vida com equilíbrio e graça.


Como Praticar Uddiyana Bandha

  1. Escolha uma Posição Confortável:

    • Comece em pé, com os pés afastados na largura dos quadris e os joelhos levemente flexionados, ou sente-se em uma postura confortável como Sukhasana (Postura Fácil). Se estiver de pé, incline-se ligeiramente para frente, colocando as mãos nos joelhos para suporte.

    • Mantenha a coluna ereta e o peito aberto, com o queixo ligeiramente inclinado em direção ao peito (praticando simultaneamente o Jalandhara Bandha, se desejado).

  2. Exale Completamente:

    • Expire profundamente, esvaziando completamente os pulmões de ar. Isso cria um vácuo natural no abdômen, facilitando a elevação dos músculos abdominais.

  3. Crie uma Retração Abdominal:

    • Com os pulmões vazios e a respiração suspensa, puxe a barriga para dentro e para cima em direção à coluna. Isso cria uma cavidade ou concavidade no abdômen, com o diafragma sendo sugado para cima.

    • Evite inalar durante este processo; a retenção da respiração é fundamental para a prática correta de Uddiyana Bandha.

  4. Mantenha a Posição:

    • Segure essa contração por alguns segundos, mantendo a respiração suspensa (apneia). No início, você pode conseguir segurar por apenas alguns segundos, mas com a prática, pode aumentar gradualmente o tempo.

    • Enquanto mantém o fecho, sinta a elevação da energia ao longo da coluna, como se estivesse subindo desde o abdômen até o peito.

  5. Liberar o Bandha:

    • Quando estiver pronto para liberar, relaxe lentamente os músculos abdominais, permitindo que o abdômen retorne à posição natural.

    • Inale suavemente para preencher os pulmões novamente e relaxe.

  6. Repita a Prática:

    • Você pode repetir Uddiyana Bandha por várias rodadas, conforme o tempo e o conforto permitirem. Comece com 3 a 5 rodadas e aumente conforme sua prática evolui.

Dicas para Iniciantes

  • Pratique em Jejum: Uddiyana Bandha é melhor praticado com o estômago vazio, de preferência nas primeiras horas da manhã. Evite praticá-lo logo após comer.

  • Comece com Suavidade: No início, não se preocupe em criar uma contração muito intensa. Concentre-se na técnica e na sensação de elevação gradual da energia.

  • Integre com Outros Bandhas: Uddiyana Bandha pode ser combinado com Mula Bandha e Jalandhara Bandha para aprofundar a prática e intensificar os efeitos energéticos.


Jalandhara Bandha: O Fecho da Garganta

Jalandhara Bandha é o portal que une o coração e a mente, uma ponte onde a energia flui em harmonia. Ao trazer o queixo em direção ao peito, criamos um selo sagrado que protege e direciona a corrente de prana. Este bandha é o guardião da clareza, permitindo que a mente se acalme e o espírito se expanda. É o silêncio antes da palavra, a calma que precede o movimento.


Como Praticar Jalandhara Bandha

  1. Escolha uma Posição Confortável:

    • Sente-se em uma postura meditativa confortável, como Sukhasana (Postura Fácil) ou Padmasana (Postura de Lótus), com a coluna ereta e as mãos descansando nos joelhos.

    • Você também pode praticar Jalandhara Bandha enquanto está de pé em Tadasana (Postura da Montanha).


  2. Inspire Profundamente:

    • pelo nariz, enchendo os pulmões completamente. Segure o ar dentro de seus pulmões, mantendo a respiração em suspensão (kumbhaka).

  3. Baixe o Queixo:

    • Enquanto mantém a respiração suspensa, abaixe suavemente o queixo em direção ao peito, formando uma curva suave no pescoço. Esta ação cria uma leve pressão na garganta, fechando a passagem de ar parcialmente.

    • Certifique-se de manter a coluna ereta e os ombros relaxados. Evite tensionar os ombros ou inclinar-se para frente.

  4. Contraia a Garganta:

    • Sinta uma leve contração na garganta enquanto mantém o queixo abaixado. A pressão deve ser suficiente para bloquear parcialmente o fluxo de ar e criar um "selo" energético na área da garganta.

    • Mantenha essa contração enquanto segura a respiração, direcionando a energia para baixo em direção ao coração e para cima em direção à cabeça.

  5. Mantenha a Posição:

    • Segure Jalandhara Bandha pelo tempo que for confortável, normalmente durante a retenção da respiração (kumbhaka).

    • Quando estiver pronto para liberar, levante suavemente o queixo e exale lentamente pelo nariz.

  6. Repita a Prática:

    • Você pode repetir a prática várias vezes, conforme o tempo e o conforto permitem. Com a prática, você se sentirá mais à vontade em manter Jalandhara Bandha por períodos mais longos.


Construindo o Chão Interior

O corpo dança em sua própria arquitetura sagrada. Através deles, construímos um chão interior que não é apenas uma base física, mas um campo energético onde cada movimento é sustentado por uma força invisível, mas palpável. Este chão é a nossa âncora em meio às tempestades, a nossa estabilidade em tempos de incerteza.


Praticar os bandhas é cultivar um jardim interno, onde a energia floresce e a vida encontra equilíbrio. É tecer um chão onde podemos repousar em segurança, onde a mente pode se aquietar e o coração pode se expandir. É no silêncio deste chão que ouvimos a verdade do nosso ser, a sabedoria que emerge quando estamos profundamente conectados com a nossa própria essência.


Na prática dos bandhas, encontramos a poesia do corpo, a arte de criar um espaço sagrado onde podemos caminhar com confiança e leveza. O chão que construímos dentro de nós mesmos é o alicerce para tudo o que somos e para tudo o que ainda podemos ser. Que a cada ativação dos bandhas, possamos sentir essa presença, essa criação contínua de um chão que nos sustenta e nos eleva, guiando-nos com firmeza e suavidade pela jornada da vida.


Com amor, Fernanda.

 
 
 

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